quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Achei que eu fosse muito mais forte, mas também achei que fosse muito mais frágil.

Não sei bem como, mas tu te tornou parte da minha casa, das minhas coisas, das minhas idéias, do meu mundo e das minhas almofadas. Tão rápido. E com que intensidade! Essa tua presença cresceu independente de ausência e distância. E nada mais parece meu aqui agora que você não está. Nem meu coração. Meu próprio coração já não é meu também. Porque nada aqui eu sinto, nada é só meu mais. Eu te escuto me chamando da sala, enquanto a televisão tá ligada, eu eu estou na cozinha. Eu sufoco e nem minha cozinha é mais minha! Porque uma hora você se enfiou nela, e se meteu na sala por entre as almofadas do meu sofá, e depois entrou no meu computador também, e eu que achei que ele tinha escapado! Agora, você sai de fininho, fingindo deixar tudo como estava, e tudo parece parado no tempo e espaço entre nós. Que é grande e pequeno demais pra mim. É tanto que vai me faltar! O que vai me faltar são suas mãos e braços e seu abraço protetor, suas bobagens e seriedades... Eu vou sentir falta toda vez, de você dançando no meu quarto, meu modelo. E toda noite eu vou chorar ao lembrar dos planos que fiz pra você e pra mim, dos que fizemos juntos pra tantos anos, por tantas vezes.
E eu te escuto me chamando no canto da parede, na porta de casa, no meu quarto que você continua a invadir como se ainda estivesse aqui, como se fosse seu, como se ainda fosse seu direito me pertencer, de um modo quase intocado, mas selvagem. E eu vejo você dormir no meu colo e sinto seus cabelos entre os meus dedos do modo mais doce, e acaricio sua testa tocando suas sobrancelhas como eu gosto. E me vem o cheiro de você em tudo que é canto, em tudo que é som, em tudo que é gesto teu, em tudo que é sala, em tudo que sou eu, resto de mim. E tudo isso machuca tanto... Esse cheiro que tem a saudade de você é embriagante, insuportável! Um cheiro que de tão espalhado pela casa inteira toma a imensidão do infinito. E eu engulo, eu respiro isso, pra sobreviver às vezes. Dessa forma você continua aqui, e eu não consigo entender se te quero perto ou longe assim. Enquanto ainda sonho com meu celular tocando “save-me”...
O tempo não faz sentido pra mim. Menos de um minuto ouvindo da sua boca músicas que eu não conhecia e bastou pra que a tua voz faça doer os meus ouvidos cada vez que ligo o rádio no meio desse silêncio infernal que tomou o meu quarto, a minha casa. Não foram muitos meses, mas o sofá adquiriu a forma do teu corpo deitado...

Não foram muitos meses, mas bastou pra que eu percebesse que eu amava mesmo o modo como os teus olhos piscam e como são de um castanho tão lindo. Alguns momentos de fragilidade e bastou para que eu quisesse cuidar de você por toda uma vida!
Essa falta de você é tão funda e estranha, começa pelos pés. Você é a saudade que eu não consigo não ter, e de repente fico rindo à toa, na tentativa de recuperar nossos momentos. Numa maneira de fugir de não ter um perfume que não se esquece, não ter o seu ritmo sempre doce, não ter seu amor pra onde quer que eu fosse... Não ter essa hora tão mágica, não ter o carinho que eu preciso.
Tem dias que acordo sem pensar em você, mas quando acho que estou ótima e nem te amava tanto assim, no meio do dia ou de um shopping lotado, me vem a lembrança de mil coisas que não se parecem em nada com não amar. E vou pra casa dormir e só durmo quando o sono já não me deixa viva, adormeço com você no meio dos meus cabelos. Do modo como eu te quero: aqui, bem aqui, no meio dos meus braços e lábios. Com teu sorriso bobo, com teu abraço que me fazia segura, com a mão na minha nuca, e a pele quente que me fazia tremer, com todas as horas que eram minhas e tuas, e as brincadeiras que só a gente entendia. Ah, ninguém nunca vai entender...

Um comentário:

  1. "Não foram muitos meses, mas o sofá adquiriu a forma do teu corpo deitado..."... oxente, tá escrevendo muito bem, camilla... sem dúvida os devaneios estão ficando cada vez mais mais...rsrsr... mas um texto desse mata qualquer um que tiver naquele dia nostálgico e carente... pega leve..kkkk... bjos, parabéns, princesa de Deus!

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