Á tarde, eu vejo um casalzinho que vem namorar sobre a pequenina ponte branca que há no parque. Ela é uma menina de uns 13 anos; ele, um garoto de, no máximo, 16. Uma coisa eu lhes asseguro: eles são lindos, e ficam montados, um em frente ao outro, os joelhos a se tocarem, os rostos a se buscarem a todo momento para pequenos segredos, pequenos carinhos, pequenos beijos. Eu os observo por um minuto apenas para não perturbar-lhes, pois suspeito de que sabem de tudo o que se passa à sua volta. Às vezes, encaixam-se os pescoços e repousam os rostos um sobre o ombro do outro, e eu vejo então os olhos da menina percorrerem vagarosamente as coisas em torno, enquanto os do rapaz mantêm-se fixos. Depois se olham nos olhos, e ela afasta com a mão os cabelos de sobre a fronte do namorado, para vê-lo melhor e sente-se que eles se amam e dão suspiros de cortar o coração. E um longo beijo. Será, pergunto-me, essas duas crianças que tão cedo começam a praticar o amor prosseguirão se amando, ou procurarão o contato de outras bocas, de outras mãos, de outros ombros? E se prosseguirem se amando, pergunto-me novamente, será que um dia se casarão e serão felizes? Quando se olharem nos olhos, será que correrão um para o outro e se darão um grande abraço de ternura? Ou será que se desviarão o olhar, para pensar cada um consigo mesmo que ele não era exatamente aquilo que ela pensava e ela era menos bonita do que ele a tinha imaginado?
(Vinícius de Moraes,adaptado)
terça-feira, 27 de julho de 2010
Pequenos carinhos
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